Atacante, que está fora das Olimpíadas de Tóquio, segue firme no Brasileirão Feminino: dois gols e uma assistência na vitória do Peixe
Por Júlia Nascimento
No fim de semana, a 14ª e penúltima rodada do Brasileirão Feminino Série A1 foram marcadas por goleadas, com as maiores sendo protagonizadas por Corinthians e Palmeiras, líder e vice do campeonato, respectivamente. E duas jogadoras merecem destaque nesses últimos jogos. Uma delas, Gabi Nunes, do Timão, responsável por um hat trick no 5 a 0 sobre o Minas Brasília-DF. A outra, Cristiane, experiente e incansável centroavante do Santos e, por tanto tempo, da Seleção Brasileira. (Ah! O Palmeiras venceu o Napoli por 8 a 0).
A atacante do Peixe viajou com o time para o Rio de Janeiro, onde enfrentou o Botafogo, que luta contra a zona de rebaixamento da competição. Apesar de toda a pressão e necessidade de vitória das cariocas, a noite foi de Cristiane. A santista, de 36 anos, foi autora de nada menos que dois gols e uma assistência na vitória da equipe por 3 a 2. O primeiro veio aos 16 minutos da etapa inicial convertendo cobrança de pênalti. Aos 39, a goleira alvinegra Rubi falhou em saída de bola e deu no pé de Cristiane, que não desperdiçou, tornando-se a terceira maior artilheira do Santos com 57 gols (ao lado de Maurine). Já aos 31 da etapa final, a centroavante fez o belo passe para Sole marcar o terceiro.
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Foto: Reprodução/Twitter Sereias da Vila
Teria sido “apenas” mais uma ótima atuação da atacante não fosse por uma coincidência de datas: foi o primeiro jogo dela após sua não-convocação às Olimpíadas de Tóquio. A técnica da Seleção Brasileira, Pia Sundhage, optou por deixar Cristiane de fora do grupo apesar de toda a bagagem da atleta, alegando que outras jogadoras estão, hoje, em melhores condições.
“Ela jogou diversas partidas com a Seleção, muitos torneios, fez muita diferença naquela época. Anteriormente ajudou muito, e hoje acredito que haja outras jogadoras que vão ajudar a equipe a jogar um bom futebol. Nós temos examinado de perto os jogos que ela tem feito, recentemente, e achamos que temos jogadoras que vão fazer um excelente papel nos Jogos Olímpicos”, explicou Pia.
Cristiane é dona de duas medalhas olímpicas de prata: Atenas em 2004 e Pequim em 2008. Em suas outras duas participações nos Jogos, ficou em 6º lugar com a Seleção em Londres 2012 e em 4º na Rio 2016. Ela possui um número ainda melhor: é a maior artilheira do futebol feminino na história das Olimpíadas, com 14 gols. Nos Jogos Pan-Americanos de Toronto, em 2015, ela também terminou como a maior goleadora da competição com sete gols. Em mundiais, um vice-campeonato em 2007. Inclusive, neste ano conquistou a medalha de ouro para o Brasil no Pan e foi eleita a terceira melhor jogadora do mundo pela FIFA.
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A ausência de Cristiane em Tóquio já significa também a quebra de outro ciclo: o do histórico trio formado por ela, Marta e Formiga, que tanto vestiu a amarelinha nas duas últimas décadas e guiou o desenvolvimento do futebol feminino no Brasil. A edição de 2020 dos Jogos será a primeira sem as três juntas em campo desde 2004. Foi uma separação abrupta, inesperada para muitos, até pelo fato de que Cristiane foi convocada para um período de treinos com a Seleção em janeiro deste ano. Antes disso, a atacante havia estado com o grupo apenas em março de 2020 na disputa do Torneio Internacional da França.
O que fica agora é a dúvida sobre como vai ser a era pós-Cristiane e pós-trio da seleção canarinho. Era esta que começará a ser testada para valer já no próximo dia 21 de julho, quando o Brasil enfrenta a China na estreia das Olimpíadas de Tóquio.